SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
(CLIQUE EM CIMA DO TÍTULO PARA MAIS DETALHES)
Profa. Dra. Érica Fernandes Alves (UEM)
Prof. Dr. Fernando Luís de Morais (UNICENTRO)
Prof. Me. Gustavo Moreira Rocha (UEM)
RESUMO: Este simpósio temático propõe a articulação de um espaço crítico de escuta, análise e partilha em torno das múltiplas manifestações da literatura queer, especialmente quando atravessada por marcadores interseccionais como gênero, raça/etnia, classe social, sexualidade e territorialidade. Partimos da compreensão de que a literatura não apenas reflete as estruturas simbólicas organizadoras do tecido social, mas atua ativamente na produção de subjetividades, afetos e imaginários propensos a tensionar e desestabilizar os alicerces de normatividades hegemônicas. Nesse sentido, convidamos pesquisadorxs interessadxs em mapear as complexas cartografias traçadas por textos literários que se inscrevem em zonas liminares e, por meio da ficção, da linguagem e do corpo, instauram esferas de resistência, dissenso e reinvenção identitária. Entendendo a literatura queer como uma prática discursiva situada, permeada por epistemologias encarnadas e afetividades insurgentes, propomos reunir trabalhos dedicados a investigar como as narrativas ficcionais, poéticas, autobiográficas ou experimentais têm problematizado os discursos reguladores da sexualidade e da identidade de gênero, ao mesmo tempo em que articulam críticas à colonialidade do poder, à violência epistêmica e aos dispositivos de silenciamento e apagamento historicamente impostos a sujeitos dissidentes. Interessa-nos, sobretudo, a análise de textos nos quais se operam deslocamentos — estéticos, políticos e ontológicos — e que, por se insubordinarem às categorias estanques da tradição literária canônica, reconfiguram os contornos das noções de literatura, autoria e representação. A proposta privilegia abordagens interseccionais que não compartimentam opressões, mas as pensam em sua co-constituição. Assim, buscamos trabalhos voltados à investigação, por exemplo, de como experiências transvestigêneres, negras, indígenas, periféricas e migrantes vêm sendo representadas e reconfiguradas por meio de estratégias narrativas nas quais o corpo é tomado como locus de saber, dor, memória e invenção. Incentivam-se, ainda, estudos em diálogo com perspectivas decoloniais, antirracistas, transfeministas e quare, capazes de tensionar não apenas o objeto literário, mas os próprios protocolos críticos que o leem e legitimam. Ao propor a metáfora da “cartografia” como eixo condutor, buscamos enfatizar o caráter móvel, relacional e situado das produções literárias em articulação com a experiência queer interseccional. Cartografar, aqui, é criar percursos de leitura e interpretação que escapem às lógicas lineares e totalizantes, permitindo o reconhecimento de zonas de afeto, ruptura, deslocamento e potência. Trata-se, portanto, de construir uma constelação de vozes, corpos e narrativas os quais, mesmo em sua diversidade radical, compartilham o gesto político de reivindicar espaço, linguagem e existência. Convidamos pesquisadorxs, docentes, discentes e escritorxs interessadxs em explorar esses atravessamentos a submeterem comunicações que contribuam para alargar os debates em torno da literatura queer e suas interfaces críticas. Este simpósio se constitui como um lugar de encontros dissidentes, celebração de outras formas de estar no mundo e afirmação do poder troublant e criador da palavra queer.
Palavras-chave: Corpos dissidentes. Interseccionalidade. Literatura queer. Resistência.
Profa. Dra. Sylvia Mara Pires de Freitas (UEM)
Psi. Ma. Thais Fernanda de Oliveira Martins (UEM)
RESUMO: O presente Simpósio busca reunir trabalhos que elucidam possíveis diálogos entre a psicologia, arte e literatura, enfatizando a importância de interlocuções interdisciplinares e contribuições que a arte e/ou a literatura podem oferecer à compreensão da constituição do sujeito e aos campos social e político. Sendo meios de comunicação criados pela sociedade e para a sociedade, entende-se que a arte e a literatura são, em si, instrumentos sociais que retratam – de modo fiel ou mediante a (re)criação – a realidade a qual pertencem. Por meio delas, é possível contatar temáticas presentes em nosso cotidiano; visitar e revisitar a história humana; e conhecer mais sobre a vida em movimento e sobre a diversidade humana que a compõe. Como instrumentos de comunicação, a arte e a literatura podem fazer ecoar vozes que são silenciadas, como as vozes das maiorias minorizadas, denunciando e desvelando injustiças e violências sociais. Além disto, ao retratarem as diferentes existências humanas, permitem às pessoas interlocutoras transcenderem a realidade posta e alcançarem novas percepções e reflexões frente às suas experiências. Assim, a arte e a literatura contribuem com transformações no existir das pessoas e na forma como elas se relacionam com seu meio, podendo, igualmente, produzir transformação da realidade sociomaterial. Diante de produções artísticas e literárias que ultrapassam momentos de entretenimento, ao desempenharem uma função social, faz-se possível averiguar quais contribuições podem oferecer ao desenrolar da psicologia – enquanto pode-se compreendê-las como fontes de histórias ricas em temáticas diferenciadas que estão, direta ou indiretamente, relacionadas às pessoas que se contatam com elas, conseguindo operar como mediadoras entre a pessoa e seu contexto sociomaterial. Estes elementos perpassam não só as investigações da psicologia, mas também as construções artísticas e literárias. À vista disto, o Simpósio viabilizará espaço para se pensar as contribuições mútuas que surgem dessa relação. Logo, trabalhos que busquem investigar os possíveis diálogos entre psicologia – em seus diferentes campos de atuação –, arte e/ou literatura, podem enriquecer esse espaço de discussão.
Palavras-chave: Psicologia. Arte. Literatura. Interdisciplinaridade.
Profa. Dra. Geniane Diamante F. Ferreira (UEM)
Adv. Ma. Rosely Camilo Pereira Gomes (UEM)
RESUMO: As pesquisas acerca da Literatura feminina têm despertado cada vez mais interesse por parte da academia. No entanto, é sabido que ainda há espaço para o debate, tanto pelo fato de as mulheres ainda estarem em posição de inferioridade, mas principalmente em virtude de nem todas elas serem abarcadas de forma adequada quando do estudo de tal literatura feminina. Não é um fenômeno recente, mas ainda muito discutido, dada sua necessidade, o olhar para a literatura de mulheres não brancas, periféricas e marginalizadas. Tais autoras têm uma perspectiva única, pois enxergam o mundo por meio de suas intersecções. Suas produções artísticas são, assim, eivadas de personagens com representatividade, de discussões explícitas e também de nuances e sutilezas que provocam reflexões. Além disso, suas obras possuem alta qualidade literária, sendo reconhecidas mesmo no Ocidente. Por isso, essas escritoras têm figurado em listas de livros mais vendidos e elogiados, e suas obras têm sido traduzidas para dezenas de diferentes idiomas. Tal literatura traz, mormente, personagens femininas em posição de protagonismo; denúncia e discussão de questões relacionadas à mulher, como maternidade, casamento, aparência física etc.; mulheres racialmente marcadas; mulheres imigrantes, homossexuais; representação de relações afetivas, profissionais, familiares etc.; clamor pela resistência e por construção de comunidade (sororidade /dororidade), entre outros. Por outro lado, a literatura de mulheres de maiorias minorizadas também trata de temas comuns, universais, como amor, morte, a vida cotidiana etc. Desse modo, essas produções são bastante completas, pois se abrem para o debate ao mesmo tempo que demostram talento artístico com excelência. São pesquisas sobre essas produções que este simpósio pretende acolher, principalmente no que tangem os aspectos da Crítica Literária Pós-colonial e Feminista, baseados em estudos de Angela Davis, bell hooks, Lélia Gonzalez, Chandra Mohanty, entre outros.
Palavras-chave: Literatura feminina. Maiorias Minorizadas. Crítica pós-colonial e feminista.
Prof. Dr. Davi Gonçalves (UNICENTRO)
Profa. Dra. Liliam Cristina Marins (UEM)
RESUMO: Na história recente, a tradução literária tem sido constantemente reavaliada por abordagens críticas, políticas e ideológicas. Quando pensamos em “minorias” (entre aspas já que, em número, a minoria real é a sua adversária hegemônica), a tradução literária revela camadas adicionais de complexidade que emergem na escolha da obra traduzida, no projeto de tradução, no agente tradutor e naquilo que permeia a circulação das obras fonte e alvo. As assimetrias nas relações de poder que se manifestam dentro da história da literatura e da história da tradução enfatizam a necessidade de se fazer esse debate, entendendo que a própria tradução, como grande área de estudo, tem sido extensivamente menosprezada dentro e fora da academia (Arrojo, 1998). Na América Latina, ainda refém de uma dura história colonial, pesquisadores por vezes reproduzem um pensamento hegemônico acerca da literatura traduzida, reforçando o menosprezo supracitado e/ou seguindo por uma trajetória branca, patriarcal, classista e profundamente eurocêntrica. É o próprio saber, nesse sentido, que precisa ser desestabilizado para que sua suposta neutralidade seja desmascarada, através de vozes arbitrariamente silenciadas (Said, 1978; Spivak, 1983). Se nenhuma voz é neutra, também não é neutra qualquer tradução. Assim, convidamos para esse simpósio perspectivas que se disponham a contribuir para essa reflexão, pensando em como a tradução literária está ligada às maiorias historicamente minorizadas. Em um grande guarda-chuva sob o qual gênero, sexualidade, raça, colonialidades, arabismos e africanismos, questões ambientais, entre outras, encontram-se e buscam agenciamento, surge a tradução como forma não só de dizer, mas de desdizer o que outrora foi dito. Em um planeta que se encontra na mais profunda crise política, social e ambiental, e no qual discursos fascistas têm sido recorrentemente recuperados, é preciso pensar outras alternativas, buscar recomeços. A tradução literária, aqui, se estabelece não mais como “ponte” ou “fronteira”, mas como pedra fundamental para a reinterpretação, a resistência e a (re)existência de corpos, universos simbólicos e identidades.
Palavras-chave: Tradução literária. Resistência. (Re)existência.
Profa. Dra. Neide Hissae Nagae (USP)
Profa. Ma. Narumi Ito (Universidade de Kanazawa)
Fábio Pomponio Saldanha (USP)
RESUMO: O livro A Biblioteca dos Sonhos Secretos (2023), de Aoyama Michiko, nos apresenta a Biblioteca do Centro Comunitário de Tóquio, onde cinco pessoas feridas encontram, em títulos inusitados, um espaço acolhedor. Em lugares como o Japão, em que a vida acelerada não propicia um tempo para um descanso, lógicas de escuta e alteridade, a partir da literatura, se tornam espaços de acolhimento da/para a diferença, possíveis a partir deste regime que desafia o tempo desenfreado do capitalismo tardio. Assim também funciona no Brasil, em que esforços recentes de releitura do passado buscam criar espaços de acolhimento, mediante as mudanças no mundo em sua estrutura globalizada, observando diversas medidas de reparação que destacam o espaço da criação literária como um caminho a ser expandido.A relação entre as expressões possíveis nesse espaço criado pelas pontes das produções nas duas línguas, no entanto, não é nova. Desde o século XVI, quando os portugueses chegaram ao Japão, assim como na imigração japonesa no Brasil a partir de 1908, laços culturais e linguísticos foram sendo tecidos entre dois mundos distantes, sendo possível pensar pontes tanto naquilo que confluem e naquilo que divergem. Em 2025, observamos com entusiasmo o crescimento de um público leitor ávido por esses encontros entre línguas consideradas minoritárias – o japonês e o português – e por suas reverberações literárias. Assim, convidamos e propomos o acolhimento de apresentações que tenham como base as múltiplas expressões da literatura japonesa e suas intersecções. Compreendemos as artes literárias japonesas em sentido amplo: desde as tradições orais e clássicas até as produções contemporâneas, incluindo obras escritas em língua japonesa por estrangeiros e minorias fora do alcance do cânone literário japonês, bem como as literaturas nikkei produzidas no Brasil, por exemplo. É pensando no diálogo entre estes dois países que esta proposta de simpósio se delineia, acolhendo trabalhos que sejam pensados nesse escopo. Alguns temas possíveis são: 1. Traduções, ressignificações e recepções da literatura japonesa em português no Brasil, assim como da literatura brasileira em língua japonesa, incluindo poesia, prosa, mangá, teatro, crítica literária e outras formas de articulação entre arte e palavra; 2. Identidade, diáspora e memória cultural presentes em narrativas moderno-contemporâneas; 3. Releituras de produções clássicas a partir do que, ao se inscreverem na história, excluem ou tensionam em seu próprio mecanismo de inclusão, na união arte e texto escrito, com seus primórdios orais, no desenvolvimento de sua escritura ou no desejo de separabilidade de outras culturas para a formação de um pensamento nacional, a partir da literatura; 4. Obras literárias traduzidas, direta ou indiretamente, do japonês ao português e do português ao japonês; perfis de movimentos tradutológicos, tendências a serem observadas a partir da formação de grupos de leitorxs e de escolhas tradutológicas; 5. Pesquisas de caráter interdisciplinar ou comparativo, com enfoques históricos, linguísticos, culturais e literários que privilegiem trocas entre o Japão e o Brasil, ou que tenham um dos dois países como base para pensar novos rumos comparatistas.
Palavras-chave: Literatura japonesa. Estudos interlinguísticos Brasil-Japão. Literatura nikkei.
Prof. Dr. Fagner Carniel (UEM)
Profa. Gabriela Col Carvalho (UEM)
Robson Eduardo Gibim (UEM)
RESUMO: O que a literatura tem a nos dizer sobre o modo como nos relacionamos com outros seres vivos? Como criamos experiências sociais e estéticas com o mundo e os seres não humanos que nos cercam a partir da literatura? A humanidade moderna, no esforço antropocêntrico de se separar do ambiente natural de que faz parte, assim como de apagar os traços de sua própria existência animal, registrou e classificou esses “outros” na literatura, sejam animais ou plantas. Neste simpósio, convidamos pesquisadores a fazerem apresentações de trabalhos que reflitam a respeito de alteridades não humanas a partir dos mais diferentes gêneros e projetos literários: contos, fábulas, zooliteratura fantástica, narrativas ficcionais ou reais, poesias, relatos autobiográficos, dentre outros. O objetivo é promover perspectivas capazes de enaltecer um “trespassamento das fronteiras entre os mundos humano e não humano”, como preconiza Maria Esther Maciel (2011; 2021). Assim, esperamos trabalhos acadêmicos que dialoguem interseccionalmente com diferentes áreas do conhecimento, como a Antropologia, a Filosofia, as Ciências Sociais, as Letras a Ecologia e a Educação Ambiental, a Biologia e a Bioética, dentre outras, e que problematizam e reflitam as relações entre humanos e outros seres vivos de pontos de vista mais compartilhados e entrelaçados, propiciando saberes alternativos sobre as naturezas-culturas que constituem o tecido vital de nossos mundos.
Palavras-chave: Literatura. Antropologia. Relações humanos-não humanos. Animais. Plantas.
Prof. Dr. Giovani Giroto (UEM)
Profa. Ma. Fernanda Favaro Bortoletto (UEM)
Profa. Lígia Medina (Université de Montréal)
RESUMO: Sob uma perspectiva global, a noção de "narrativa americana" tende a ser concebida de forma estanque, homogênea e limitada às produções literárias em língua inglesa oriundas dos Estados Unidos — e, ocasionalmente, do Canadá. No entanto, ao se adotar um olhar mais abrangente e multicultural, que considere o continente americano em sua totalidade, é possível questionar essa visão uniformizante e reconhecer a existência de Américas plurais. Tal abordagem contempla as diversas identidades, culturas e tradições literárias dos países do Caribe, da América do Sul, da América Central e do próprio Canadá — regiões que, assim como o restante do continente, foram marcadas por processos históricos comuns, como a colonização europeia, a imposição linguístico-cultural e a dizimação de povos originários. Além das marcas deixadas por essas experiências coloniais — visíveis em dinâmicas sociopolíticas contemporâneas e em práticas de apagamento histórico e cultural —, as literaturas oriundas desses e de diversos outros países hispano-americanos enfrentam dificuldades estruturais para romperem os limites de seus mercados editoriais locais e alcançarem visibilidade internacional, mesmo em nações vizinhas. Com o intuito de evitar a perpetuação de uma narrativa hegemônica e excludente sobre as Américas, este simpósio acolhe trabalhos voltados para a produção literária de países americanos historicamente colonizados, cujas vozes permanecem, em grande medida, à margem do discurso dominante. O foco recai sobre as literaturas situadas para além dos contextos brasileiro e estadunidense, com especial atenção a autores e autoras do Caribe, da região andina e do Québec. São especialmente bem-vindas propostas que abordem identidades dissidentes, temáticas de resistência, exílio e diáspora, bem como estudos que explorem características recorrentes nessas literaturas, tais como a retomada de uma ancestralidade pré-colonial, os vínculos com tradições orais, a polifonia narrativa e o realismo mágico.
Palavras-chave: Literatura Interamericana. Resistência. Decolonialidade.
Profa. Dra. Elizandra Fernandes Alves (UNICENTRO)
Prof. Ma. Larissa da Silva Sousa (UEM)
RESUMO: A marginalização da literatura indígena é um fenômeno intimamente ligado à negação histórica das vozes e saberes dos povos originários. Durante séculos, a oralidade foi a principal forma de transmissão do conhecimento e da cultura entre os povos indígenas das Américas: narrativas míticas, histórias de origem, cantos cerimoniais e ensinamentos comunitários foram passados de geração em geração por meio da oralidade. No entanto, o predomínio da cultura escrita ocidental e a imposição de línguas europeias como oficiais colocaram essas formas de literatura oral à margem do que tradicionalmente se reconhece como “literatura”. Com o avanço da alfabetização em línguas indígenas e o fortalecimento de movimentos culturais autônomos, escritores indígenas têm ganhado espaço e transformado a literatura em uma ferramenta de resistência e afirmação identitária. Autores como Ailton Krenak, Eliane Potiguara, Joy Harjo, Cherie Dimaline, Sherman Alexie, entre muitos outros, têm trazido à tona reflexões profundas sobre território, ancestralidade, espiritualidade, colonialismo e modos de vida indígenas; ainda assim, suas obras enfrentam sérias barreiras de visibilidade, distribuição e reconhecimento no mercado editorial e nos currículos escolares, que continuam a privilegiar uma perspectiva eurocêntrica da literatura. Este simpósio temático propõe reunir pesquisas e discussões em torno da literatura indígena produzida em línguas portuguesa e inglesa, com ênfase em textos que abordam a resistência e reexistência dos povos originários. A proposta é discutir como essas obras literárias - muitas vezes atravessadas pela oralidade, espiritualidade, memória e luta por território - confrontam as estruturas coloniais e dão visibilidade a epistemologias indígenas silenciadas ao longo da história. O simpósio acolherá trabalhos que analisem produções de autores indígenas ou que se debrucem sobre representações da resistência indígena em diferentes gêneros e contextos, promovendo um diálogo entre culturas, línguas e perspectivas críticas. Ao destacar a força política e poética dessas vozes, o encontro pretende valorizar a literatura indígena como um campo fundamental para o entendimento das lutas contemporâneas e para a construção de um pensamento descolonial.
Palavras-chave: Literatura Indígena. Marginalização. Resistência. Reexistência.
Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM)
Profa. Ma. Claudine Delgado (UEM)
Profa. Ma. Fernanda Garcia Cassiano (UEM)
RESUMO: O simpósio “Literatura negra: tecnologias ancestrais e afrofuturismo” propõe reunir estudos voltados às produções literárias de autoria negra oriundas de contextos africanos e afro-diaspóricos que, em sua tessitura estética e política, mobilizem tecnologias do passado e projeções de futuro ancoradas em epistemologias não ocidentais. A problemática central enfrenta a exclusão histórica das vozes negras nos sistemas literários hegemônicos, bem como a marginalização dos saberes ancestrais como formas legítimas de conhecimento. Parte-se da premissa de que a literatura negra opera como instrumento de reexistência, em que o ato de narrar torna-se dispositivo de cura, transmissão de memória e reinvenção do mundo. O objetivo é fomentar o diálogo entre pesquisas que analisem como a literatura articula cosmologias africanas, espiritualidades negras, mitologias, saberes tradicionais e elementos afrofuturistas como formas de contestação às narrativas coloniais e às tecnologias de opressão que seguem incidindo sobre corpos e territórios. Metodologicamente, o simpósio acolhe análises comparatistas, estudos críticos de obras poéticas, ficcionais, abordagens interseccionais que envolvam gênero, raça e classe, bem como reflexões que dialoguem com outras manifestações culturais, tais como oralitura, música, performance, cinema ou artes visuais, desde que vinculadas ao campo literário. Espera-se que os trabalhos submetidos reflitam sobre os modos como a escrita negra articula memória e imaginação como estratégias de resistência, elaborando espaços de pertencimento e narrativas de futuro. Como resultados, busca-se valorizar e ampliar o repertório crítico-literário sobre produções negras, além de contribuir para o fortalecimento de um campo de estudos comprometido com a justiça epistêmica, a pluralidade de visões de mundo e a centralidade das vozes negras na literatura contemporânea.
Palavras-chave: Literatura negra. Ancestralidade. Afrofuturismo. Resistência.